Paulo Ricardo (RPM), Japinha (CPM 22), Lucas (Fresno), Chuck Hipolitho (Vespas Mandarinas) e Daniel Weksler (NX Zero) falam sobre perda do líder do Nirvana, morto em 5 de abril de 1994
Neste sábado (5), todos os roqueiros lembrarão que há 20 anos a música perdia Kurt Cobain. Sendo fã ou não, é inegável a contribuição do líder do Nirvana para o gênero e o legado deixado por ele. Para marcar a data, o Terra foi atrás de alguns “resistentes” do rock nacional, gênero tão apagado da grande mídia, para falar sobre a morte do vocalista e guitarrista e fim do Nirvana.
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Paulo Ricardo, líder da banda RPM, se lembra bem de quando recebeu a notícia. “O 4 de abril já tinha sido um dia marcante porque era o aniversario do Cazuza, estávamos na estrada, em plena turnê do CD Paulo Ricardo e RPM, jantando numa churrascaria quando soubemos da trágica notícia do suposto suicídio de Kurt Cobain”, disse. O cantor lembra certa influência do Nirvana na época e afirma que houve um “anticlímax”. “Mas ao mesmo tempo parecia que esse período épico das lendas do rock, que morriam jovens tinha ficado ali nos anos 60, começo dos anos 70. Então foi um anticlímax musical porque a banda estava muito bem e uma espécie de luto pelo rock, não só por ele e pela família, mas pelo rock como um todo, porque ele era a figura mais representativa naquele momento da cena”, concluiu.
Lucas Silveira, líder da banda Fresno, compartilha do tamanho da contribuição de Kurt Cobain, apontando para a abertura do mercado alternativo de música. “O Nirvana foi uma banda que chegou ao topo sem nunca perder as características que os faziam diferentes de tudo o que vinha sendo feito. Isso viabilizou a música alternativa como mercado e abriu o olho de muita gente, o que, da mesma forma também é responsável pela multiplicação de novos Nirvanas e novas salvações do rock alardeadas por publicações em matérias encomendadas por grandes gravadoras”, disse. Lucas ainda lembra da “montanha-russa” que foi a vida de Cobain, mas exalta a importância de seu feito ao estabelecer um lugar no mercado, mas sem se vender.
“Hoje existe um filão de mercado enorme, que são todas as pessoas que não aguentam o pop, e isso é muita gente. Pra essas pessoas, a indústria, cuja atenção foi chamada pela explosão da música alternativa no começo dos 90, criou um outro tipo de pop, tão pré-definido e brifado quanto o outro, mas com uma postura contráriaE isso é tudo que Kurt combatia quando estava vivo. Ele combatia a imagem que a indústria queria fazer dele. E que acabou fazendo, quando ele não estava mais vivo para lutar”, finalizou.
Chuck Hipolitho, ex-VJ da MTV e vocalista e guitarrista da banda Vespas Mandarinas, também aponta para isso: “O Nirvana enterrou o mainstream rock na época e mudou as regras chamando atenção ao rock alternativo (seja lá o que isso signifique)”.
No entanto, ele dá um contrapeso ao citar que o feito do próprio Nirvana precisa desafiado par que o rock cresça. “O Nirvana mostrou também que o sucesso pode acontecer a qualquer e a qualquer hora. Mostrou também que às vezes é uma barra quando seus sonhos não se realizam. O Nirvana zerou o rock, na minha opinião até hoje. Mas até o próprio Nirvana já precisa ser desrespeitado e ultrapassado para que o gênero possa andar pra frente”, explicou.
Duas bandas que ganharam espaço na mídia brasileira abriram caminho entre o underground até chegarem aos holofotes da fama e programas de TV: CPM 22 e NX Zero. Conversamos com os dois bateristas das bandas.
“Kurt Cobain revolucionou toda a cena do rock nos anos 90 e na história, conseguindo, através de riffs com poucas notas, muita distorsão, peso e vocais melódicos/gritados, fazer com que todo o mundo ouvisse e cantasse suas músicas, em uma carreira meteórica, curta e violenta”, afirmou Japinha.
Já Daniel Weksler enalteceu a “alma” da criançao de Cobain. “O Kurt foi fundamental na minha criação musical, pois nele vi que ainda podia existir alguém no rock com alma e muita verdade. Acho que foi a ultima grande banda que apareceu e realmente ficará marcado na história. Grande lição foi que não importa seu interior se ele é doido, se é desconcertante...Se for genuíno, sempre será algo foda, que marca”, disse.
O grunge de Seattle e o peso do Nirvana também ecoou em Salvador. Lucas Bori, da banda Vivendo do Ócio, também mostra a influência na sua música. “A importância do Kurt Cobain é imensa, junto com o Nirvana eles mudaram totalmente o rumo da música nos anos 90, vieram com algo diferente, que estava faltando naquele momento, Rock simples, com muita personalidade e atitude, acho que isso não poderia faltar em nenhuma banda de Rock, as vezes o menos é mais, e isso é algo que busco todos os dias em minha música”.
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